Cláudia Vieira • 12 jul 2020 • Autodesk BIM
A partir de 2021, BIM será obrigatório na elaboração de modelos para algumas disciplinas da arquitetura e engenharia. Através do decreto nº 10.306, de 2 de abril de 2020, a execução de obras e serviços de engenharia feitas pelos órgãos e entidades da administração pública federal terá que ser feita através do BIM.
A Estratégia Nacional de Disseminação do BIM foi proposta pelo Governo Federal para ser implantada desde que o anúncio desta medida foi feito, em 2018. O Estado de Santa Catarina foi o primeiro a aderir a medida, em 2019. Através desta iniciativa, a intenção é aumentar em dez vezes a implantação da plataforma BIM e com isso, espera-se que 50% do PIB da construção civil utilize a metodologia até 2024.
Quais são as seis frentes de trabalho da Estratégia de Implementação?
- Regulamentação e Normalização;
- Plataforma BIM;
- Capacitação de Recursos Humanos;
- Compras governamentais;
- Infraestrutura tecnológica;
- Comunicação
Quais são os níveis de colaborações do BIM?
Pré BIM – Baixa Colaboração
- Prática Tradicional
- Desenhos e detalhes 2D, falta de interoperabilidade, fluxo de trabalho baseado em documentação etc.
BIM Level 1 – Colaboração Parcial
- Modelagem baseada em objetos
- Modelagem 3D, automação de detalhamento, quantitativos e visualizações 3D
BIM Level 2 – Colaboração Completa
- Prática Integrada
- Modelo multi-dimensional, análises complexas em etapas iniciais envolvendo sustentabilidade, custo, processo lean, comunicação sincronizada, colaboração através de servidor.
BIM Level 3 – Integração Completa
- Prática Integrada
- Modelo multi-dimensional, análises complexas em etapas iniciais envolvendo sustentabilidade, custo, processo lean, comunicação sincronizada, colaboração através de servidor.
- Difundir o conceito e os benefícios do BIM
Adotar um plano de comunicação de divulgação para o BIM; chegar aos profissionais da indústria AEC sobre a adoção do BIM e divulgar os instrumentos de apoio à implementação.
- Coordenar a estruturação do setor público para a adoção do BIM
Adequar as estruturas e os processos internos das administrações públicas.
- Criar condições favoráveis para o investimento público e privado em BIM
Obter programas de incentivo ao investimento; promover parcerias internacionais; suportar os financiamentos necessários para a implementação de tecnologias conectadas ao BIM no Brasil.
- Estimular a capacitação em BIM
Esse aspecto é essencial para que o BIM seja efetivamente compreendido, adotado e consolidado no mercado das construções. As ações previstas neste sentido são:
Definir objetivos de aprendizagem e competências BIM para cada nível de atuação da metodologia;
estimular a inserção de cursos BIM nas disciplinas de graduação e pós-graduação em engenharia e arquitetura;
Criar programas para a certificação de figuras profissionais.
- Propor atos normativos que estabeleçam parâmetros para as compras e as contratações públicas com uso do BIM
Fonte: Diário Oficial da União | Decreto BIM 10.306/2020
O trabalho de promulgação de normas está em constante desenvolvimento no Brasil. Esforços têm sido feitos para implementar normativas que apoiem a ampla adoção do BIM no Brasil. Além disso, os programas governamentais também têm tentado definir as necessidades ligadas ao uso do BIM.
- Desenvolver normas técnicas, guias e protocolos específicos para a adoção do BIM
A tecnologia BIM tem de ser precisa, harmônica e padronizada. Para esse fim, são previstas 4 ações diferentes: publicação de documentos e referências técnicas, focados em edifícios e infraestruturas, para suportar o uso do BIM.
Divulgação do trabalho feito pela ABNT/CEE – 134, a Comissão responsável pela normalização do BIM no Brasil.
Fonte: ABNT/CEE-134 | Ata da 9^ reunião/2018
Definição de um quadro regulamentar sobre os requisitos de certificação de objetos BIM (BIM Objects) para edifícios e infraestruturas.
Elaboração de um quadro regulamentar sobre os requisitos de certificação das figuras profissionais.
- Desenvolver a plataforma BIM e a Biblioteca Nacional BIM
A plataforma BIM é uma importante ferramenta de comunicação para os atores do setor a fim de divulgar informações e melhores práticas sobre o uso do BIM. A este respeito, é importante destacar a criação da Plataforma BIM BR pela ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial), que também acolhe a Biblioteca Nacional BIM, uma verdadeira biblioteca digital brasileira de objetos BIM.
Fonte: ABDI | Homepage da Plataforma BIM BR
- Estimular o desenvolvimento e aplicação de novas tecnologias relacionadas ao BIM
Alinhar os programas internos à Estratégia BIM BR com outros programas governamentais ligados ao desenvolvimento digital (cidades inteligentes, indústria 4.0, etc.).
- Incentivar a concorrência no mercado por meio de padrões neutros de interoperabilidade
Garantir padrões neutros de interoperabilidade, tais como o padrão IFC.
Qual a pretensão do Governo Federal através da difusão da metodologia BIM?
- Obter aumento de produtividade à indústria da construção civil;
- Aumentar a qualidade na construção das obras públicas;
- Aumentar a precisão no planejamento das obras, conseguindo redigir cronogramas e previsões de despesas mais pontuais e confiáveis;
- Contribuir à implementação da sustentabilidade da construção para reduzir resíduos relacionados à demolição de obras civis;
- Reduzir o número das variantes de projeto;
- Incentivar o nível de qualificação profissional das pessoas envolvidas na atividade;
- Reduzir os custos existentes no ciclo de vida dos empreendimentos.
Assim, os prazos para implementação foram divididos em três etapas:
- A partir de janeiro de 2021: a exigência de BIM se dará na elaboração de modelos para a Arquitetura e Engenharia nas disciplinas de estrutura, hidráulica, AVAC e elétrica na detecção de interferências, na extração de quantitativos e na geração de documentação gráfica a partir desses modelos;
- A partir de janeiro de 2024: os modelos deverão contemplar algumas etapas que envolvem a obra, como o planejamento da execução da obra, na orçamentação e na atualização dos modelos e de suas informações como construído (“as built”), além das exigências da primeira fase.
- A partir de janeiro de 2028: passará a abranger todo o ciclo de vida da obra ao considerar atividades do pós-obra. Será aplicado, no mínimo, nas construções novas, reformas, ampliações ou reabilitações, quando consideradas de média ou grande relevância, nos usos previstos na primeira e na segunda fases e, além disso, nos serviços de gerenciamento e de manutenção do empreendimento após sua conclusão.
Para o professor Sergio Scheer, especialista participante do Comitê Estratégico de Implementação do BIM, o uso dessa tecnologia vai beneficiar a Construção Civil. “Os projetos serão melhor desenvolvidos e as construções terão mais qualidade. O setor sofrerá com menos desperdício e retrabalho, o que vai fazer com que o uso do recurso público envolvido seja melhor aproveitado”, garante.