Patrick Gainher • 13 jul 2020 • URKUND
Quando o assunto é plágio, é muito importante frisar sobre suas implicações. O plágio é configurado como um Crime de Violação aos Direitos Autorais no Art. 184 – Código Penal, que diz:
Art. 184. Violar direitos de autor e os que lhe são conexos: Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa.
Além disso, uma pessoa que foi pega plagiando um obra sem os devidos direitos pode pôr em risco a reputação de um profissional sério, tendo em mente que o mesmo obteve uma pesquisa ou informações por meios incomuns, e além disso, houve omissão por parte do mesmo em declarar de onde foi tirado esse material.
O autoplágio existe, e é mais comum do que as pessoas imaginam, sendo encontrado na lista dos 10 tipos mais comuns de plágio acadêmico. De acordo com a wikipédia:
Autoplágio é fazer plágio de si próprio, copiando trechos seus e os distribuindo em diferentes mídias como se fossem originais.
Ou seja, é o ato de pegar trechos de artigos ou trabalhos originais e distribuí-los em outros lugares, sem haver mudanças significativas ou ideias novas, mas mesmo assim mostrar como sendo uma ideia original e inovadora.
Sob a ótica de direitos do autor, isso não é um crime em si só. Agora, sob a ótica da integridade acadêmica é considerado antiético ou má conduta. Os autores podem argumentar que, como são seus próprios escritos, eles podem usá-los uma e outra vez, na íntegra ou em trechos, sem que haja nada de errado com isso.
Porém, isso demonstra uma limitação por parte do autor, tendo em vista que o mesmo possui dificuldades de expor novas ideias, ou até mesmo uma certa restrição em produzir trabalhos periódicos novos. Até mesmo é possível haver uma argumentação sobre um trabalho em questão ser muito antigo, e que a republicação do mesmo não tenha grandes problemas. Porém, isso não é necessariamente uma verdade.
De acordo com Pamela Samuelson, especialista em direito na Universidade de Berkeley, e promotora do “Creative Commons”, do “fair use” e do “Acesso Aberto”, é enumerado algumas refutações sobre os argumentos expostos acima:
- O trabalho anterior é a base para uma nova contribuição apresentada no segundo trabalho;
- Partes substanciais do trabalho prévio devem ser repetidas para explicar as novas evidências ou defender novos argumentos;
- Se escrevem para um público diferente em lugares diferentes e é necessário tornar compreensível a mensagem. Por exemplo, um artigo publicado em um periódico de biotecnologia, em seguida, publicado em um periódico de economia;
- O autor considera que o que ele disse da última vez está tão bem explicado, que não faz sentido colocá-lo de outra forma na segunda publicação.
Samuelson indica que a “publicação salami” (dividir uma publicação em várias distintas, como se fossem várias linhas de estudo) é um grave desvio ético das práticas aceitáveis e o considera má conduta de acordo com as normas de pesquisa científica e tecnológica. Para Samuelson, a “regra de ouro” (rule of thumb) poderia ser que até 30% de autoplágio seria aceitável, mas que isso pode variar em diferentes disciplinas, no entanto, não seria possível estabelecer um limite máximo em termos legais, pois se trata de uma “zona cinzenta”.
Em considerando publicações na área “STEM”, ou seja, Science, Technology, Engineering e Mathematics (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática, em português), há um sério risco a integridade do autor, além de estudos que possam estar desatualizados sendo inseridos em estudos novos, gerando uma linha de raciocínio que prejudique toda a busca por uma resposta.
Consideremos aqui a Biomedicina, que ultimamente tem sofrido uma crescente onda de autoplágio. É uma área em constante atualização e mudança, que envolvem pesquisas no descobrimento do ser humano e como podemos desenvolver novos medicamentos e melhores práticas para a vida. Se pesquisas mais antigas forem continuamente sendo inseridas em esquemas de autoplágio, citações de pesquisas futuras correm um sério risco de pegar informações que estão completamente desatualizadas.
Por isso, é muito importante prestar atenção ao risco apresentado por deslizes pessoais, ou por pessoas interessadas em atalhos na quantidade de artigos.